quando
a corrupção é exaltada entre os homens
Sl 12, 9
Vitória,
18 de abril de 2014.
Sexta
feira da Paixão.
As
Igrejas que integram o Conselho Nacional
de Igrejas Cristãs – Regional Espírito Santo (CONIC-ES) e que professam a
fé em Jesus Cristo celebrando neste tempo a sua Páscoa, dirigem-se a vocês,
Irmãos e Irmãs do Espírito Santo, demonstrando inquietação e indignação com a
violência que se impõe em nosso meio e que, a cada ano, se consolida, desfiando
a todos.
Em
outubro de 2012, os bispos da Igreja Católica Apostólica Romana, publicaram uma
carta alertando que “Os números da
violência são divulgados frequentemente, mas é importante lembrar que esses
‘números’ referem-se à pessoas: crianças, adolescentes, jovens, mulheres e
idosos.” Além de elencar as diversas causas, a carta demonstra o lamentável
lugar que o Estado ocupa no “ranking” nacional da violência:
Os últimos dados divulgados em 2012 apontam o
Espírito Santo nas primeiras posições seja qual for o tipo de violência:
* Violência – 1º
lugar
* Violência contra
a mulher – 4º lugar
* Homicídios entre
crianças e jovens de zero a 19 anos – 2º lugar.
* Violência contra
os idosos – somente em Vitória a média é de 1 denúncia por dia.
* Entre os
municípios mais violentos do Brasil o Espírito Santo, com apenas 78 municípios,
tem 8 nas seguintes posições: 2º
(Serra); 8º (Cariacica); 11º (Vitória); 12º (Linhares); 31º (Viana); 32º (Vila
Velha); 40º (Guarapari); 59º (São Mateus).
A
Organização das Nações Unidas (ONU) reafirmou recentemente a nossa posição no
“ranking” nacional e internacional ao apontar a cidade de Vitória como uma das
mais violentas do mundo, com uma média de 57,39 homicídios por 100 mil
habitantes, demonstrando que as iniciativas propostas para a diminuição da
violência no Espírito Santo não tem surtido efeito. A Capital do Estado foi
apontada como a 14ª cidade mais violenta do mundo (A GAZETA, 11/04/2014).
A
violência, há décadas instituída no Estado, tem levado parte da população a
práticas cruéis, desumanas e irracionais. Presenciamos, às vésperas da Semana
Santa, o linchamento de um jovem no município da Serra que morreu acusado de
praticar um estupro que não aconteceu.
A
abominável busca da justiça feita pelas próprias mãos e de se promover a
segurança por meio do medo demonstram que a população não acredita na
capacidade do Estado em promover a segurança de seus cidadãos. É lamentável e
assustador vermos crescer os números de linchamentos no Espírito Santo.
Também
são lamentáveis e escandalosas as mortes que acontecem com quem está sob a
tutela do Estado. No dia 10 de Abril de 2014, mais um adolescente foi morto por
estrangulamento em uma unidade sócio-educativa capixaba. É mais uma vida,
dentre as milhares, que foi tirada nas unidades sócio-educativas e cárceres
capixabas nos últimos anos.
Diante
desta realidade, nos indignamos, lamentamos e como o salmista, perguntamos: “Quando os fundamentos se corrompem, o que
pode o justo fazer?” (Sl 11, 3). Nós, cristãos, cremos na vitória da vida
sobre a morte e na superação do ódio pelo amor. Este é o ensinamento maior de
Jesus Cristo.
Como
Igrejas Cristãs, denunciamos e repudiamos todo e qualquer ato de violência
contra a vida e a dignidade das pessoas, independentemente de raça, gênero,
religião ou condição social.
Reafirmamos
nosso compromisso institucional de trabalhar pela cultura da paz no Estado do
Espírito Santo, conclamando a todas as instituições e pessoas para se unirem a
este compromisso.
Esperamos
que as instituições públicas assumam o protagonismo na promoção da justiça e da
segurança dos cidadãos no Estado.
E,
sob a inspiração do Apóstolo, saudamo-los desejando que todos “fiquem alegres. Procurem a perfeição e
animem-se. Tenham os mesmos sentimentos, vivam na paz e o Deus do amor e da paz
estará com vocês. Saúdem-se uns aos outros com o beijo santo. Que a graça do
Senhor Jesus cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com
todos vocês.” (2Cor. 13, 11-13).
Pelo Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs - Regional Espírito Santo (CONIC-ES),
Rev. Ariel
Montero, Presidente
Pe. Kelder
Brandão, Secretario
Igrejas assinantes:
Arquidiocese de
Vitória – ES (ICAR)
Igreja
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
Igreja Episcopal
Anglicana do Brasil (IEAB)
Igreja
Presbiteriana Unida (IPU)
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